Lomadee

sábado, 28 de março de 2015

Mauro Cabral recebeu a outorga de grau superior pela Universidade Federal do Pará.

Na noite de 27 de Março de 2014, na cidade de Capanema, Estado do Pará em solenidade especial o Sr. Mauro Cabral dos Santos, 27 anos recebeu a outorga de grau superior em Matemática pela Universidade Federal do Pará, na ocasião 11 jovens receberam a mesma qualificação. O blog Filosofia do Pensar este presente no ato fazendo a cobertura jornalística do ato solene. O representante do Reitor da UFPA nas suas falas oficiais ressaltou a importância da processo ensino aprendizagem e mergulhou na Filosofia Existencialista para ilustrar a importância da educação e da força de vontade para alcançar os ideais e utopias criadas e vividas durante o processo de graduação em Matemática. Também, outros professores se manifestaram com palavras de incentivo e motivação neste nova jornada que os colandos assumiram a partir de hoje. Segue algumas fotos da cerimônia.  Parabéns Mauro Cabral desejamos sucesso e felicidades a você e sua família!

terça-feira, 17 de março de 2015

Maquiavel ensinou como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas


Maquiavel ensinou como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistasNicolau Maquiavel, nascido na segunda metade do século XV, em Florença, na Itália, trata-se de um dos principais intelectuais do período chamado Renascimento, inaugurando o pensamento político moderno. Ao escrever sua obra mais famosa, “O Príncipe”, o contexto político da Península Itálica estava conturbado, marcado por uma constante instabilidade, uma vez que eram muitas as disputas políticas pelo controle e manutenção dos domínios territoriais das cidades e estados.
Conhecer sua trajetória como figura pública e intelectual é muito importante para que as circunstâncias nas quais este pensador pensou e escreveu tal obra sejam compreendidas. Maquiavel ingressou na carreira diplomática em um período em que Florença vivia uma República após a destituição dos Médici do poder. Contudo, com a retomada dessa dinastia, Maquiavel foi exilado, momento em que se dedicou à produção de “O Príncipe”. Esta sua obra seria, na verdade, uma espécie de manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas ampliar suas conquistas. Em suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre seus atos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e fracassos de vários reis para ilustrar seus conselhos e opiniões. Além disso, para autores especializados em sua vida e obra, Nicolau Maquiavel teria escrito esse livro como uma tentativa de reaproximação do governo Médici, embora não tenha logrado êxito num primeiro momento.
Outro fator fundamental para se estudar o pensamento maquiaveliano é o pano de fundo da Europa naquele período, do ponto de vista das ideologias e do pensamento humano. Ao final da Idade Média, retomava-se uma visão antropocêntrica do mundo (que considera o homem como medida de todas as coisas) presente outrora no pensamento das civilizações mais antigas como a Grécia, a qual permitiu o despontar de uma outra ideia política, que não apenas aquela predominante no período medieval. Em outras palavras, a retomada do humanismo iria propor na política a “liberdade republicana contra o poder teológico-político de papas e imperadores”, como afirma Marilena Chauí (2008). Isso significaria a retomada do humanismo cívico, o que pressupõe a construção de um diálogo político entre uma burguesia em ascensão desejosa por poder e uma realeza detentora da coroa. É preciso lembrar que a formação do Estado moderno se deu pela convergência de interesses entre reis e a burguesia, marcando-se um momento importante para o desenvolvimento das práticas comerciais e do capitalismo na Europa. Assim, Maquiavel assistia em seu tempo um maior questionamento do poder absoluto dos reis ou de alguma dinastia, como os Médici em Florência, uma vez que nascia uma elite burguesa com seus próprios interesses, com a exacerbação da ideia de liberdade individual. Questionava-se o poder teocêntrico e desejava-se a existência de um príncipe que, detentor das qualidades necessárias, isto é, da virtú, poderia garantir a estabilidade e defesa de sua cidade contra outras vizinhas.
Dessa forma, considerando esse cenário, Maquiavel produziu sua obra com vistas à questão da legitimidade e exercício do poder pelo governante, pelo príncipe. A legitimação do poder seria algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom rei (ou bom príncipe) ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Para Maquiavel “...quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.” (MAQUIAVEL, 2002, p. 264).Conforme afirma Francisco Welffort (2001) sobre Maquiavel, “a atividade política, tal como arquitetara, era uma prática do homem livre de freios extraterrenos, do homem sujeito da história. Esta prática exigia virtú, o domínio sobre a fortuna”. (WELFFORT, 2001, p. 21).
Contudo, a forma como a virtú seria colocada em prática em nome do bom governo deveria passar ao largo dos valores cristãos, da moral social vigente, dada a incompatibilidade entre esses valores e a política segundo Maquiavel. Para Maquiavel, “não cabe nesta imagem a ideia da virtude cristã que prega uma bondade angelical alcançada pela libertação das tentações terrenas, sempre à espera de recompensas no céu. Ao contrário, o poder, a honra e a glória, típicas tentações mundanas, são bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode consegui-los e por eles luta” (WELFFORT, 2006, pg. 22). Assim, essa interpretação maquiaveliana da esfera política foi que permitiu surgir ideia de que “os fins justificam os meios”, embora não se possa atribuir literalmente essa frase a Maquiavel. Além disso, fez surgir no imaginário e no senso comum a ideia de que Maquiavel seria alguém articuloso e sem escrúpulo, dando origem à expressão “maquiavélico” para designar algo ou alguém dotado de certa maldade, frio e calculista.
Maquiavel não era imoral (embora seu livro tenha sido proibido pela Igreja), mas colocava a ação política (construída pela soma da virtú e da fortuna) em primeiro plano, como uma área de ação autônoma levando a um rompimento com a moral social. A conduta moral e a ideia de virtude como valor para bem viver na sociedade não poderiam ser limitadores da prática política. O que se deve pensar é que o objetivo maior da política seria manter a estabilidade social e do governo a todo custo, uma vez que o contexto europeu era de guerras e disputas. Nas palavras de Welffort (2001), Maquiavel é incisivo: há vícios que são virtudes, não devendo temer o príncipe que deseje se manter no poder, nem esconder seus defeitos, se isso for indispensável para salvar o Estado. “Um príncipe não deve, portanto, importar-se por ser considerado cruel se isso for necessário para manter os seus súditos unidos e com fé. Com raras exceções, um príncipe tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita clemência deixam acontecer desordens que podem resultar em assassinatos e rapinagem, porque essas consequências prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que provêm desse príncipe ofendem apenas alguns indivíduos” (MAQUIAVEL, 2002, p. 208). Dessa forma, a soberania do príncipe dependeria de sua prudência e coragem para romper com a conduta social vigente, a qual seria incapaz de mudar a natureza dos defeitos humanos.
Assim, a originalidade de Maquiavel estaria em grande parte na forma como lidou com essa questão moral e política, trazendo uma outra visão ao exercício do poder outrora sacralizado por valores defendidos pela Igreja. Considerado um dos pais da Ciência Política, sua obra, já no século XVI, tratava de questões que ainda hoje se fazem importantes, a exemplo da legitimação do poder, principalmente se considerarmos as características do solo arenoso que é a vida política.

Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

sábado, 14 de março de 2015

Alunos do FIES

A sociedade brasileira mais uma vez constatou o verdadeiro despreparo da presidente Dilma, "acreditamos que esse governo é uma verdadeira enganação" disse o aluno João Nunes, 25 anos que tenta o fies. "essa é uma pátria enganadora" falou Cristina Viera, também frustrada com esse governo corrupto que está em Brasília. A nós cidadãos de bem só lamentamos pelo desastre que a governante do PT faz no Brasil.
Agora faltou no nosso meio o comediante Chapolin Colorado, "e agora quem poderá nos defender?" Essa é a triste realidade que o Brasil vive, o dólar já passou dos 3 reais e etc. Acreditamos que esse governo doente deve sair enquanto há tempo, pois se permanecerem o Brasil Limpo e Justo vai coloca-los na rua.


FIES JÁ! É O QUE SOLICITAM OS ESTUDANTES DO BRASIL

quinta-feira, 12 de março de 2015

Jean-Jacques Rousseau, o filósofo da liberdade como valor supremo

Em sua obra sobre educação, o pensador suíço prega o retorno à natureza e o respeito ao desenvolvimento físico e cognitivo da criança

Rousseau. Foto: Araldo de Luca/CorbisNa história das idéias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o regime monárquico francês, como Robespierre, o admiravam com devoção. 

O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causas, Rousseau inclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento econômico. 



O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo deve ser combatido. A desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a liberdade os  indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o culto das aparências e as regras de polidez. 

Ao renunciar à liberdade, o homem, nas palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo preconiza um mergulho interior por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.

terça-feira, 3 de março de 2015

O mito dos argonautas: Algumas compreensões psicanalíticas de grupo

Por: Cybele Moretto e Cíntia C. Vigiani Carvalho

Neste trabalho será efetuada uma releitura, resumida, do Mito conhecido como “Jasão e os Argonautas”, relacionando-o com a Teoria Psicanalítica de Grupos, de modo a ampliar a compreensão do Mito e enriquecer os conhecimentos acerca dos dinamismos grupais.

Jasão nasceu no reino de Iolco e era filho do herdeiro do trono, Esão. Este foi destronado e condenado à morte por seu meio-irmão Pélias. Desde menino, Jasão experimentou as amarguras do exílio, pois foi enviado para longe de seus pais. Quando retornou à sua cidade natal, perto de seus vinte anos, vestia uma estranha indumentária: estava coberto com uma pele de pantera, calçava apenas uma sandália e tinha uma lança em cada mão. 

Quando o rei, que era seu tio, o viu, ficou muito assustado, pois havia recebido do oráculo de Apolo uma previsão de que deveria desconfiar do homem que vestisse apenas uma sandália. Quando Jasão reclamou o trono, o rei impôs a condição de que daria posse do reino àquele que conquistasse o Velocino de Ouro. O Velocino de Ouro é o velo de um carneiro voador dado a Frixo, por Zeus, para salvá-lo de sua madrasta que desejava matá-lo. Frixo chegou são e salvo ao seu destino, sacrificou o animal voador e ofereceu o velo de ouro ao rei. Este o consagrou ao deus e cravou-o num carvalho no bosque sagrado do deus da guerra. 

Jasão então convocou um arauto através de toda a Grécia e mais de cinqüenta heróis apareceram para a missão, dentre eles Hércules. O navio Argo foi lançado ao mar em uma cerimônia solene. 

Podemos partir da etimologia da palavra “grupo” como forma de compreender o Mito dos Argonautas. Encontramos no antigo vocábulo “group” (laço ou nó) derivado do germano ocidental “kruppa” (massa circular), a consideração de duas linhas de força: o laço demonstrando a união e o círculo representando o espaço fechado, cuja metáfora é envoltura corporal e o corpo materno. Desta forma, uma das características de um grupo é a possibilidade de oferecer um espaço que acolhe seus participantes e também poder provocar sentimentos de aprisionamento e frustração (Anzieu, 1966).

No Mito podemos observar estas duas linhas de força: o grupo que se une em torno de um objetivo único, encontrar o Velocino de Ouro, causando sentimentos de auto-estima e importância; e também gerar sentimentos de sufocamento em seus membros a partir do momento em que aceitaram a proposta de embarcar no navio Argo. O grupo enfrentará sentimentos de frustração constante e os membros não poderão “abandonar o barco”.

O psicanalista Bion (1961) diz que todo grupo de pessoas que se reúne para qualquer tarefa tem um funcionamento mental voltado para a execução do trabalho especificado. Porém, os objetivos do grupo também são às vezes interrompidos ou ocasionalmente promovidos por emoções inconscientes. Bion acredita que ansiedades psicóticas extremamente primitivas estão presentes nos grupos e os supostos básicos seriam formas do grupo defender-se dessas ansiedades. A partir disto, o autor formulou três suposições básicas presentes em todo grupo humano: o suposto de dependência, o suposto de luta e fuga e o suposto de acasalamento.

Inicialmente, podemos referir o Mito dos Argonautas ao suposto de dependência, quando para se reunir o grupo de heróis depende da figura central de Jasão. Este reúne o grupo e propõe uma tarefa: conquistar o Velocino de Ouro.

Para Bion, no suposto de dependência o líder é o centro de um culto em pleno poder, uma estrutura grupal em que um dos membros é um deus, uma teocracia em miniatura. É esperado de o líder assumir a posição de suprir as necessidades e fornecer amparo para o grupo imaturo, o qual permanece na posição de ser saciado completamente. Neste grupo, o líder é um ser que existe para providenciar que nenhum acontecimento desagradável seja causado pelas irresponsabilidades dos membros.

Dentre as diversas paradas do navio, em uma delas, o herói Hilas foi atraído por belas ninfas e arrastado para as profundezas das águas. Hércules e Polifemo foram à sua busca fazendo-os perder a expedição.

Na parada seguinte, o grupo encontrou um gigante que desafiava e matava a soco os que insistiam passar por ele. Um dos heróis, com sua habilidade e astúcia, venceu o gigante, fazendo-o prometer respeitar os estrangeiros.

Uma das maiores aventuras ocorreu quando os heróis tiveram que ultrapassar os Rochedos Azuis. Estes eram dois recifes móveis que se fechavam violentamente quando qualquer coisa ousasse passar em seu meio, esmagando o que quer que fosse. Entretanto, estes sabiam que se deviam fazer preceder por uma pomba, se ela conseguisse cruzar os rochedos, eles também conseguiriam. A pomba conseguiu cruzar a salvo, mas foi atingida em suas penas finais, sendo cortadas. Assim, a nau também conseguiu efetuar a travessia, mas ao final a popa do barco foi ligeiramente atingida. Após essa passagem os rochedos se imobilizaram, pois quando algum navio conseguisse ultrapassá-los, eles jamais se fechariam. 

Chegaram enfim à Cólquida. Jasão então se dirigiu à corte de Eetes, pai de Calcíope, Medéia e Apsirto e disse a que vinha. Eetes prontificou-se a devolver-lhe o velocino, mas propôs ao herói quatro tarefas que deveriam ser realizadas num único dia, de sol a sol e eram impossíveis de ser realizadas por qualquer humano. A primeira era por o jugo em dois touros bravos, que lançavam chamas pelas narinas e atrelá-los a um charrua de diamante; a segunda era lavrar com eles uma vasta área e semear dentes de um dragão, matar os gigantes que nasceriam desses dentes; e finalmente eliminar o dragão que guardava o velocino, no bosque sagrado do deus da guerra. Jasão estava pra desistir quando surgiu Medéia, que era mágica e apaixonara-se por ele. Jasão prometeu casar-se com ela e levá-la para Grécia e então, ela lhe ofereceu os recursos para vencer as provas: um bálsamo que o tornava invulnerável ao ferro e ao fogo e truques para distrair os dragões. Medéia, com sua mágica, fez dormir o dragão que guardava o velocino e Jasão o atravessou com sua lança.

Entretanto Eetes se recusou a possibilitar a saída com o velocino. Jasão e Medéia então fugiram, e o navio retornou quatro meses após a partida.

O suposto de luta ou fuga, de Bion, por sua vez, pode ser representado pelos Argonautas e seu líder Jasão nas inúmeras situações que eles enfrentam perigos e inimigos que precisam combater ou deles fugir.

Para o autor, este suposto opera contra algo a que o grupo percebe vagamente como tais inimigos. O líder considerado adequado é aquele que protege e mobiliza o grupo para atacar ou fugir.

Podemos encontrar neste Mito, também, o suposto básico de acasalamento. Surge o sentimento de esperança, de que algo está por vir e a atenção se volta para o futuro, será uma pessoa ou uma idéia que salvará o grupo. No caso do Mito, o Velocino de Ouro simboliza o divino, a salvação e purificação, pois é resultado de sacrifícios e dificuldades. Surgirá o sentimento de esperança que salvará o povo e devolverá o reinado ao seu verdadeiro herdeiro.

Bion também formula o conceito de grupo de trabalho (grupo T), ou evoluído, que se opõe ao grupo (ou momentos do grupo) dominado pelos supostos básicos. Estes fenômenos (grupo de trabalho e supostos básicos) são próprios da realidade de grupo. O grupo T reconhece a necessidade da compreensão e do desenvolvimento e ao longo de seu desenvolvimento se sobressai, a despeito das interferências das emoções regredidas.

No Mito dos Argonautas, o grupo evoluído se sobressai, os membros conseguem realizar sua missão e obter êxito, conquistando o desejado troféu.

Uma das versões conta que ao retornar, Jasão entrega o Velocino de Ouro ao seu tio, Pélias, que não lhe concede o trono. Medéia então convence as filhas do rei que se o esquartejassem e o cozinhassem em determinada poção mágica, este rejuvenesceria. As filhas do rei assim fizeram e quando perceberam que o pai não ressuscitava, fugiram. E Jasão e Medéia foram banidos do reino. 

Anzieu (1966) parte da perspectiva do grupo como objeto de investimento pulsional propondo a analogia do grupo com o sonho, dizendo que o desejo realizado no grupo e no sonho é um desejo reprimido no dia anterior. No entanto, o desejo realizado no grupo e no sonho é, também, um desejo reprimido de infância, pois o contexto grupal promove uma regressão de seus membros. Além disso, o desejo, no grupo e no sonho, diz mais respeito ao desejo fixado em um sintoma ou uma estrutura patológica que ao desejo emergindo do inconsciente.

Este universo da realização do desejo está em estreita relação com aquilo que o autor identificou como ilusão grupal que para ele é um estado psíquico particular que se observa em todo grupo humano e que os integrantes expressam como um sentimento de integrarem um bom grupo e tendo um bom líder. Os argonautas simbolizam esta formulação de Anzieu, pois o grupo se une e é formado por heróis, todos são bons e têm um líder bom.

Segundo Terzis (1996), o grupo é o meio que instrui os participantes nos procedimentos e nas regras, que ensina, que pensa, num espaço e tempo comuns com determinados objetivos. Representa o filtro para as emoções e pensamentos e pode ter a representação do corpo materno, pois se observa que o indivíduo apega-se ao grupo como se apegava ao corpo da mãe.

No Mito, o grupo permanece coeso, unido e forte e alcança seu objetivo. Seus membros apegaram-se ao grupo, se sacrificaram e deram a vida por ele.

Referências:

    • ANZIEU, D. (1966) O grupo e o Inconsciente: imaginário grupal. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1990.
    • BION, W. R. (1961) Experiências com Grupos os fundamentos de psicoterapia de grupo. Trad. de Oliveira, W.I., Rio de Janeiro, Imago, 1975.
    • BRANDÃO, J. de S. Mitologia Grega. Petrópolis, Ed. Vozes, 1987.
    • TERZIS, A. & HUBER, D. O grupo como objeto representado. In: Os arquitetos da nova renascença. São Paulo, Ed. Lemos, 1996.
FONTE: http://www.psicologianocotidiano.com.br/articulistas/articulista_descri.php?id=24

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA (PLATÃO 428 - 347 A.C.)


Platão (428-347 a.C.)
Platão é com Aristóteles uma das referências fundamentais do pensamento ocidental. Platão, como diz François Châtelet inventou a Filosofia: "definiu o que a cultura daí em diante vai entender por Razão". Nasceu em Atenas, ou na ilha de Egina, em Maio -Junho do primeiro ano da 88ª. Olimpíada, ou seja, cerca de 428-27 a.C. Era originário de uma antiga família aristocrática ateniense, contando entre os seus antepassados, por parte da mãe o célebre legislador Sólon (c.639-559 a.C.), e do pai, o rei Codro. O pai, Aríston deve ter morrido cedo, pois a mãe Perictíone, voltou a casar com o seu tio Pirilampo, de quem teve um filho, Antífion. O seu verdadeiro nome era Arístocles, mas devido à sua compleição física recebeu a alcunha de Platão (significa literalmente "ombros largos"). Frequentou com assiduídade os ginásios, obtendo prémios por duas vezes nos Jogos Istímicos. Começou por seguir as lições de Crátilo, discípulo de Heraclito, e as de Hermógenes, discípulo de Parménides. Em princípio, por tradição familiar deveria seguir a vida política. Contudo, a experiência do governo dos trinta tiranos que governaram Atenas por imposição de Esparta (404-403 a.C.), e da qual fazia parte dois dos seus tios Crístias e Cármides, distanciaram-o desta opção de vida, pelo menos do modo como a política era exercida. O facto que mais o marcou foi a influência que sobre ele exerceu Sócrates, tendo-se feito seu discípulo por volta de 408, quando contava vinte anos. Nele encontrou o mestre, que veio a homenagear na sua obra, fazendo-o interlocutor principal da quase totalidade dos seus diálogos. A condenação de Sócrates (399), e a sua acção para o salvar, obrigaram-no a exilar-se nesse ano. Desiludido com o regime aristocrático, mas também com a democracia ateniense, passou a defender que as leis e os costumes dos povos deviam ser baseadas em concepções filosóficas.
Depois de 399 iniciou uma série de viagens durante cerca de doze anos, o que lhe abriu novos horizontes. Em Megara conviveu com o célebre Euclides e Terpsíon, discípulos de Sócrates. Regressou a Atenas para servir na cavalaria, como os seus irmãos. Voltou a viajar, desta vez foi ao Egipto onde teria sido iniciado nos mistérios de Isis Depois foi a Cirene onde estudou matemáticas com Teodoro, fazendo-o depois seu interlocutor no diálogo Teeteto. No sul da Grande Grécia (Itália), em Taranto, aprendeu a filosofia pitagórica através de Filolau, Arquitas e Timeu.. Em Creta estudou legislação de Minos. Há quem afirme que terá estado na Judeia, onde contactou com a tradição dos profetas, e até nas margens do Ganges terá conhecido místicos hindus.
Em 388 visitou a Sicília, então governada por Dionísio, o Antigo, com o propósito de converter este tirano às suas ideias filosóficas. Não tendo êxito nesta primeira investida, regressou a Atenas, em 387, onde nos jardins de Academo, junto dum templo consagrado às Musas fundou uma escola, denominada, por este facto, Academia. Esta rapidamente se tornou no maior centro intelectual da Antiga Grécia, tendo por ela passado filósofos e políticos, como Aristóteles, Eudoxo de Cnido, Xenócrates, Fócion, Esquines, Demóstenes e outros. À entrada uma legenda proibia o acesso a todos aqueles que não soubessem geometria. A academia era um verdadeiro centro de investigação, tendo como centro aquilo que podíamos designar por uma "ciência da alma humana".
Ficou em Atenas, cerca de vinte anos, até que em 367, voltou à Sicília, com a ideia de converter o novo monarca- Dionísio, o Moço-, num filósofo-rei. Os resultados não foram brilhantes, o que não o impediu de voltar à ilha em 361, com idênticos propósitos. O resultado desta última viagem foi terrível: suspeito pelas suas ideias políticas, foi perseguido e feito escravo, sendo como tal vendido no mercado de Egina, acabando por ser comprado por um dos seus amigos. Voltou a Atenas onde morreu em 347, numa altura que a cidade lutava contra Filipe da Macedónia, e cujo desfecho lhe foi fatal. A direcção da Academia foi inicialmente assumida pelo seu sobrinho Espeusito, por morte deste sucedeu-lhe Xenócrates. A Academia subsistiu até 529 da nossa era, quando foi mandada encerrar por Justiniano. A corrente filosófica conhecida por platonismo -originada do pensamento de Platão-, aparece constantemente na história do pensamento, influenciando não apenas filósofos, mas também artistas e cientistas até aos nossos dias.
Obras de Platão
Ao contrário das obras de Aristóteles que chegaram até nós, as de Platão foram escritas para o grande público. O conjunto das obras que lhe são atribuídas é constituido por 35 diálogos, algumas cartas, definições e 6 pequenos diálogos apócrifos: Axíoco, Da Justiça, Da Virtude, Demódoco, Sísifo, Eríxias. Os diálogos hoje considerados autênticos, reduzem-se todavia apenas a 24, sendo em geral dividos em quatro grupos, de acordo com a sua maior ou menor proximidade às ideias socráticas.
q Diálogos de juventude, onde é nítida a influência socrática: Laques, Cármide, Eutrifrom, Hipias Menor, Apologia de Sócrates, Críton, Ion, Protágoras, Lísis;
q Diálogos dirigidos contra os sofistas: Górgias, Ménon, Eutidemo, CrítiasTeeteto;
q Diálogos de maturidade, onde é desenvolvida de forma admirável a sua teoria das ideias: Fedro, Banquete, Fédon e República;
q Diálogos onde realiza uma revisão crítica da sua filosofia: Parménides, SofistaPolítico, Filebo, Timeu, e as Leis, esta obra não foi concluída.
Principais Domínios de Investigação
Platão parte sempre do todo para as partes. Apreender a sua Filosofia é descobrir um sedutor modo de pensar em que tudo remete para tudo, e nada pode ser separado.
Teoria do Conhecimento
Recusou que se pudesse falar num conhecimento baseado no mundo sensível, pois este apenas nos pode dar opiniões mutáveis e ilusórias. Defendeu por isso que o verdadeiro conhecimento estava em ideias eternas que existiam num mundo separado das coisas sensíveis. Estas foram eram imitações, mais ou menos prefeitas das ideias. Sustentou ainda que todos os seres humanos, em graus variáveis, quando nascem já possuem muitas destas ideias. Neste sentido, conhecer ou aprender é recordar aquilo que está obscurecido na alma.
Moral
Combatendo o relativismo dos valores, defendido pelos sofistas, sustentou que o único dever do homem é procurar o Bem, que identifica com o Belo e o Uno. Para o atingir, a única via possível passa pelo desprendimento dos valores materiais e das necessidades corporais.
Política
A política é entendida como o estudo normativo dos príncípios teóricos do governo dos homens, encontrando o seu fundamento no estudo da alma humana.
Estética
A sua estética é indissociável da teoria das ideias. Como as ideias são imutáveis e eternas, se pretendemos apreciar as obras de arte devemos seguir estes príncípios, exigindo que elas se aproximem das ideias, o mesmo é dizer da perfeição. Neste sentido, Platão não pode admitir qualquer mudança ou inovação no campo artistíco. Um vez atingida a obra de arte ideal, isto é, perfeita, só resta aos artistas continuar a replicá-la eternamente.
Cosmologia
As suas ideias cosmológicas foram profundamente influenciadas pelo pitagorismo. Recusando as causas físicas para o que ocorre na natureza, sustentou que a única ciência possível estava na descoberta dos modelos eternos e perfeitos de todas as coisas. Concebeu por isso um universo hierarquizado segundo graus de perfeição: No alto estavam os astros, considerados divinos, sendo por isso eternos, imutáveis, tendo uma forma esférica que era a que mais se adequava a estes atributos. Em baixo, estava a terra, imperfeita.

FONTE: http://afilosofia.no.sapo.pt/PLATAO.htm